Apesar de termos inúmeras informações sobre a importância de poupar e investir, quantos de nós somos capazes de colocá-las em prática?

Além da era do descartável, trazemos outras duas características que representam parte da nossa sociedade: consumo desenfreado e desperdício. Se nossos estudantes estão imersos nesse cenário, de que forma podemos ajudá -los a refletir minimamente sobre a sociedade e sobre si mesmos diante dos padrões por ela estabelecidos?

Como ajudá -los a traçar um percurso que leve a uma qualidade de vida melhor e que os prepare para, por exemplo, lidar com seus bens e com os bens coletivos de maneira autônoma e consciente? Essas e outras indagações nos causaram inquietações e nos levaram a pensar e a elaborar uma proposta de Educação Financeira a ser desenvolvida nas escolas brasileiras, que abarque as problemáticas apontadas, de maneira consistente e efetiva.

A escola sempre foi, e continua sendo, uma das grandes responsáveis pela promoção e divulgação do conhecimento. Contudo, além de criar oportunidades para o desenvolvimento cognitivo dos alunos, nota -se também a necessidade de atentar às questões sociais e emocionais, tendo em vista que muitas vezes os estudantes recebem diversos tipos de conhecimento, mas encontram dificuldades na hora de colocá -los em prática.

Ao refletirmos sobre o ensino, a aprendizagem e sobre o contexto no qual os alunos estão inseridos, percebemos a real necessidade de lançarmos um novo olhar para as propostas educacionais, que promovam não apenas a divulgação do conhecimento, mas sua interiorização e posterior aplicação nos mais diversos setores da vida.

Educar financeiramente é muito mais do que apenas apresentar conteúdos sobre finanças e mostrar atitudes e ações exemplares. Não estamos desprezando os conhecimentos ou dizendo que esse tipo de informação que será apresentada não é importante ou necessária; pelo contrário, acreditamos que ela é de suma importância, mas não se basta.

  • Criar oportunidades para que os alunos, por meio da observação, da análise, da problematização e da reflexão sobre algumas situações cotidianas próximas a eles, unidas ao conhecimento teórico, possam pensar, criar e avaliar possíveis soluções para cada uma dessas situações, levando sempre em consideração a espacialidade (eu/outros) e a temporalidade (passado/presente/futuro).
  • Munir os alunos, a partir de vivências compartilhadas na escola, de conhecimento, habilidades e competências (inclusive emocionais) a fim de que se sintam preparados para enfrentar as situações reais com as quais se depararão no dia a dia e possam tomar atitudes autônomas e conscientes.
  • Fazê -los observar que suas ações, mesmo que aparentemente pequenas, poderão gerar consequências para si e para as pessoas com as quais eles convivem e, além de desenvolver a percepção espacial dessas ações, perceber que suas atitudes no presente (que, de certa forma, são fruto de um passado) poderão gerar, além de consequências imediatas, reflexos no futuro, transformando -se em um ciclo interminável. A partir dessa percepção, espera-se que os alunos possam mobilizar suas ações no presente para que, de forma preventiva, possam gerenciar o seu futuro.

Vale salientar que a proposta pedagógica desta coleção, além de ter sido idealizada a partir de inúmeros estudos sobre Educação e Educação Financeira, está em consonância com os documentos oficiais, como as Orientações para a Educação Financeira nas Escolas, da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef).

A coleção foi desenvolvida com base em inúmeras discussões e reflexões sobre o cotidiano escolar. Desse modo, além de contemplar todas as questões já apresentadas aqui, o material tem em vista respeitar as necessidades existentes na escola. Sabemos que o professor atende a diversos tipos de demandas e, portanto, o material foi estruturado de modo que seja entendido e utilizado como uma importante ferramenta para o desenvolvimento integral dos alunos.

Elencamos a seguir as metas que norteiam esta coleção. Assim como no material do aluno, essas metas aparecem em forma de desejos a serem alcançados; a partir deles, estratégias foram pensadas para atingir cada um dos objetivos apresentados mais adiante.

Desejo Estratégia
Mostrar situações -problema, de forma lúdica, que sejam pertinentes a cada faixa etária, observando -se inclusive os conteúdos mínimos apresentados na proposta da Base Nacional Comum. Desse modo, os conteúdos abordados no material vão ao encontro dos conteúdos escolares, facilitando a articulação entre a Educação Financeira e as diferentes disciplinas, favorecendo, assim, o estabelecimento de relações e conexões. As situações -problema são apresentadas por personagens que vão interagir com os alunos, convidando -os a colaborar na resolução dos problemas. Cada personagem possui características distintas e uma estrutura familiar que será, aos poucos, apresentada aos estudantes e deverá ser observada por eles na busca por soluções para os problemas relatados.
Pensar e dimensionar a quantidade de situações apresentadas em cada volume, buscando uma aproximação entre o ideal e o real, ou seja, observar a quantidade de tempo necessária para o desenvolvimento efetivo das ações propostas no material e a provável disponibilidade da escola, permitindo flexibilizações. Cada volume contará com oito situações- -problema que serão apresentadas em oito episódios ao longo do livro. Além de uma problemática principal, cada situação contemplará perguntas que levam à reflexão – espaço para que o aluno represente de diferentes formas suas interpretações e solu- ções, estímulos à socialização e conjecturas coletivas – e, ao final, haverá propostas de sistematização coletiva (feita pelos alunos e pelo professor), leituras e pesquisas sobre a problemática em questão.
Por conta de todas essas vivências, sugerimos que sejam destinadas para a execução do projeto de duas a três aulas para cada episódio. Dessas, uma ou duas estariam reservadas para a análise (individual e coletiva) de cada problemática e para a socialização/discussão, e uma destinada à sistematização e à ampliação (na qual é possível inserir o uso da tecnologia). Desse modo, estaríamos criando oportunidades para o desenvolvimento de habilidades e competências (inclusive emocionais) e estimulando o conhecimento teórico e técnico sobre finanças, mostrando de maneira objetiva um pouco da história do mundo e motivando novas buscas em sites, livros etc.
Estimular o protagonismo do aluno e do professor. Por meio da análise, da reflexão e da criação de soluções para as diversas situações vivenciadas pelos personagens, os alunos serão convidados pelo professor a identificar, no dia a dia, situações similares às exploradas no material para que, juntos, possam desenvolver uma análise crítica, pensar em possíveis soluções e colocá -las em prática, avaliando sempre as relações espaciais e temporais. Dessa maneira, o material poderá alcançar muito mais do que 16 ou 24 aulas, e o professor, juntamente com seu grupo de alunos, terá autonomia para determinar o tempo de realização. Segundo essa perspectiva, o material será o disparador para novas aulas e projetos criados pelo professor com seus alunos. Esse trabalho pode ser desenvolvido por professores de qualquer disciplina ou até mesmo em projetos interdisciplinares.